13 fevereiro, 2018

Natalia Nunes ( 1921 - 2018)


Em 1996, com tecnologias de gravação e radio-streaming fui à charla com Rómulo de Carvalho, aka António Gedeão. Era um vizinho da rua onde eu vivia, a Sampaio Bruno, paredes-meias com o Casal Ventoso, finitude de Campo de Ourique. Lembro a impenetrável locução de António : "Nunca gostei de viver" em contraponto com a "Vénus Turbulenta" que a Natália Nunes me estampou em séquito de chá e runas. Era um trabalho para a Antena 2 que o registou e difundiu em novembro desse ano. Pouco falatório se ergueu ali ao pé do Cemitério dos Prazeres. O que emanava era uma leitura de folhas (y compris le papier) de passagem. Tudo iria sem ligar o motor. Nascer seria ligar o motor. Nas cabeleiras, entre a tara e o tarot, elucidava-se o contexto do diverso, a co-existência. Longe, mas pouco longe, do Pedro Nunes, inventaria Natália uma Nónia das disposições serotonínicas. Beber e escoar. Talvez, muitas décadas atrás, tenha sido abduzida pelo tabaco com filtro. Fumava astral.